Sonhos coletivos – Atualmente, quatro municípios recebem turmas de Letras – Libras do Parfor: Pacajá e Jacundá, que tiveram turmas iniciadas em 2023, e Santarém e Gurupá, que iniciaram em 2024. Em Gurupá, os discentes esperavam há muito tempo pela oportunidade de poder cursar Letras – Libras, mas a distância os impedia buscar formação fora do município em que moram e atuam profissionalmente, como destaca Jaqueline Miranda, professora surda bilíngue (Libras e Língua Portuguesa), oralizada e atuante na Educação de Surdos.
“Graças ao Parfor, a oportunidade que esperavam há anos se tornou possível. O programa não apenas tem gerado oportunidades de formação, mas também tem permitido realizações de sonhos coletivos e continuidade de outros sonhos, que serão construídos através da formação e aprendizagem que os professores discentes estão se permitindo ter agora”, diz Jaqueline.
Segundo a educadora, que é especialista em psicopedagogia institucional e mestra em Estudos Linguísticos, a convivência com pessoas surdas é primordial para que pessoas ouvintes aprendam a lidar com as barreiras sociais, principalmente em relação à comunicação e ao acolhimento em ambientes que priorizam a sonoridade.
“Senti que a experiência com a turma foi importante tanto para mim quanto para eles. Para mim, porque me fez reduzir o receio de lidar com o desconhecido (pessoas que não têm paciência com a surdez ou para interagir com qualquer outra diversidade) e entender a importância que tenho como professora e surda, um protagonismo que merece ser partilhado na formação educacional. Para eles, no que diz respeito às informações que estavam/estão processando e que, futuramente, poderão vir a usar como modelo de organização didática para trabalhar em sala de aula ou ambientes sociais”, explica.
Jaqueline destaca, ainda, a atenção e a dedicação dos alunos. “Nossa experiência foi muito boa! Conseguimos elaborar estratégias para estabelecer a comunicação entre nós e eles aprenderam a se comunicar comigo, uma pessoa surda que faz uso da leitura labial”, conta a professora.
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